<$BlogRSDUrl$>

sexta-feira, novembro 14, 2003

Guimarães Luís, Vida e Obra, Capítulo VII.  

Guimarães Luís, Vida e Obra, Capítulo VII.
A obra desprezível. Os mais infelizes escritos dispersos. As compilações obtidas a partir de notas e textos pessoais apensos a relatórios médicos de instituições de doenças mentais.

1. Poesia:

- “Este Cheiro a Mofo Não Me Larga”, 1980, Cernache Editores.

“Este Cheiro a Mofo Não me Larga” é uma compilação de poemas da juventude (1973-79). São de uma qualidade irregular que alterna entre o medíocre e o simplesmente mau. Aqui e ali parece haver uma esperança, uma certa luminosidade perdida entre um monte de entulho, uma centelha que indique um potencial talento. No entanto, se a uma segunda leitura formos levados pela dúvida, só uma certeza nos restará: Guimarães Luís, a ser alguma vez reconhecido pelo que escreveu, não é por estes textos.
E para a maioria das pessoas, não é por estes nem, por quaisquer outros. Mas lá iremos.

2. Teatro:

- “A Rua da Sorna”, 1978.

Estranhamente fascinado pela comédia ligeirinha e com portas a abrir e a fechar, a primeira peça de Guimarães Luís, “A Rua Da Sorna”, nunca chegou a estrear.
O Grupo de Teatro Amador do Prior Velho chegou a tentar encená-la (por Manuela Calhau Pacheco), mas Alberto Macho, controlador do P.I.T.A. (Partido Independente dos Trabalhadores Anarquistas), destacado para fazer o acompanhamento da peça, proibiu-a, considerando-a um grotesco disparate no contexto do processo revolucionário e uma perfeita imbecilidade em qualquer outro contexto.
A mãe de Guimarães Luís, ao vê-lo arrasado com a decisão de Macho, ainda tentou, com um saco de avelãs e uma garrafa de anis escarchado, contornar a opinião do comité central do P.I.T.A., mas um desentendimento sobre quem ficaria com as avelãs e a quem seria atribuído a garrafa de anis deitou a primeira obra do jovem dramaturgo por terra.
Josefa acabou por beber a anis e, numa decisão algo polémica, doar as avelãs a uma associação sindical conotada com Macho e com o P.I.T.A.
Uma história toda ela de contornos mal definidos. Um drama com final infeliz.

- Torturado nas Bermas, 1980

Único esboço de sucesso como dramaturgo de Luís, “Torturado nas Bermas” foi, inclusivamente, merecedora de uma crítica quase elogiosa de um jornal nacional.
O crítico Serafim Galho escreveu então: “Um serão divertido é o que espera os espectadores que assistirem a esta comédia”.
Esta frase, que normalmente seria agradável para um autor, provocou, ao invés, uma profunda depressão no jovem escriba. É que, “Torturado nas Bermas”, foi escrito para ser um drama com uma pitada “gore” e não era suposto pôr ninguém a rir.
Narrava a aventura de um grupo de nove escuteiros que decidem acampar na Serra das Conchas (Mursifal dos Prados) e que acabam por ser raptados por um louco psicopata (de nome Luís), que os atira para uma linha do comboio à media de um por semana. A história era contada pelo único sobrevivente, um dos escuteiros, que tinha ficado paraplégico. Pois...
É por isso inverosímil que aquela crítica se dirigisse a “Torturado Nas Bermas”. Algumas teorias surgiram sobre o que terá passado na cabeça de Galho para escrever o que escreveu sobre a peça. Mas a que colheu a maioria foi a teoria que explicava desnorte do crítico à luz do facto de que Serafim andava a mordiscar uma das actrizes e nunca viu um segundo (ou milímetro) da peça para além da bela silhueta da rapariga.
O mundo, às vezes, é assim, simples como um belo rabo.

- “À Nora”, 1982

A derradeira peça de Guimarães Luís é ainda mais obscura e impenetrável que a anterior. Conta a história de um cozinheiro sueco que fica preso numa avalanche e acaba a cozinhar-se a si próprio. A peça provocou alguma celeuma, não pelo seu conteúdo, que nunca foi verdadeiramente explorado, mas pela sucessiva substituição por motivos de doença dos actores que a representaram. Alguns demonstravam dificuldades na fala e na visão tridimensional e a maioria teve de receber tratamento psiquiátrico. E um dos actores, Pedro Neves, desapareceu até hoje sem deixar rasto.
Quanto a Guimarães acabou a prestar depoimento a uma junta de médicos do Hospital Psiquiátrico de São Pedro de Quevedo que tentaram em vão descortinar a intenção e extensão da distorção do cérebro que tinha escrito tal aberração demencial.
O relatório final foi e declarado confidencial por cinquenta anos e encontra-se no ministério da defesa.

2 – Ficção:

“O Herói Repentino”, 1981

Primeiro livro de ficção do autor, esta pretende ser, segundo o próprio, uma obra fresca como uma masmorra da Santa Inquisição da região de Vigo.
Mais uma vez Luís escreve algo quase ilegível de tão pérfido e doentio. Um primo de Guimarães leu o manuscrito não corrigido e engoliu uma granada a seguir. Foi prontamente socorrido e operado por um médico (veterinário) que vivia no prédio e escapou com vida. Mas nunca mais foi o mesmo.
Histórias destas proliferaram entre os poucos leitores e a editora teve que retirar a obra do mercado a mando das autoridades. Era isso ou colocar na capa um dístico a dizer:
“Obra com material explícito e susceptível de provocar distúrbios em pessoas impressionáveis. Pode provocar danos irreparáveis se for lida, inoportunamente, por crianças até aos dezasseis anos de idade.. Pouco recomendável, também, a idosos, acamados ou algaliados. MC.”.
Hoje, esta frase seria uma dádiva dos céus a uma editora para publicitar a obra. Na altura, vá-se lá saber porquê, fez recuar os editores (Edições Bengala), que, diga-se de passagem, publicava mais livros policiais para a terceira idade e mosquitos.

- “Nadar Mariposa”, 1985

Obra incompreensível no percurso do autor. Fala de praia e de amores fugazes com galesas não-depiladas. Uma obra que todos consideram tardiamente juvenil. Um pesadelo pueril pior que tudo o que havia até aqui. Antes o Guimarães Luís negro. Antes os seus pesadelos. A esquecer.

- “A Fuga da Boleia”, 1987

Obra de ficção onde Guimarães Luís descreve pormenorizadamente, por intermédio do protagonista, o atentando que perpetraria ainda esse ano. Um romance político onde o autor explana o seu complicado pensamento. Um manifesto. Um enigma. O Fim.

Biografia:
“Ernesto Grade, um Mito Para Um Geração (poeta popular e operário da Carnovor, Isolamentos)”, 1983

Ernesto Grade, um Mito Para Um Geração (poeta popular e operário da Carnovor, Isolamentos) é um texto, no mínimo, esquisito.
Guimarães mergulha na vida de Ernesto Grade e por pouco morre afogado. Literalmente. Numa visita aos estaleiros onde Grade trabalhou, cai de um andaime num poço e escapa por um triz devido à pronta intervenção de um operário guineense. Talvez por isso a obra seja pejada de pessimismo.
Grade pode ter sido um importante poeta popular, mas da leitura desta biografia ficamos com a ideia que era uma espécie de Lugosi de Setúbal.
Mais um momento francamente incompreensível.


terça-feira, novembro 11, 2003

O Rapaz é uma Jóia 

Nem quero imaginar onde é que o José Castelo Branco levava as jóias que não declarou. Mas se era numa bagagem mais ou menos do tamanho de um avião, poderia muito bem haver espaço para dentes de marfim, animais exóticos senegaleses de 1,90m, e até mesmo gruas.
Dizem as más linguas que terá sido denunciado por um gás que soltou, ao qual se seguiu a queda de vários colares, anéis e relógios de parede pela perneira das calças Gucci.
AL

Novos Valores da Comédia 

Liderança do PS confirmada, Ferro Rodrigues vai continuar a fazer Stand Up.
AL

Selecção de Futebol da Serra Leoa 

Convocatória:
Todos os homens com mais de 18 anos e menos de 30, estão convocados para jogarem pela Selecção Nacional de Futebol da Serra Leoa.
Observações: Esta convocatória é dirigida unica e exclusivamente a quem ainda não pisou nenhuma mina.
AL

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Site Meter